Outro dia, conversando com uma amiga que não via há muito tempo, escutei:
“Eu não compro em brechó. Acho que as roupas podem vir com energia ruim.”
Na hora, fiquei em silêncio. Não porque concordasse ou discordasse, mas porque me fiquei pensativa: e se a gente trocasse “brechó” por “loja de shopping”? A energia da peça estaria garantida?
A verdade é que às vezes não paramos para pensar que uma roupa nova também carrega histórias e muitas vezes, histórias bem mais pesadas do que imaginamos:
exploração de mão de obra,
condições de trabalho precárias,
impactos ambientais severos,
até casos de trabalho escravo moderno.
Essa reflexão me levou de volta a um dos episódios mais marcantes e dolorosos da moda contemporânea: 24 de abril de 2013 em Bangladesh.
O edifício Rana Plaza amanheceu com rachaduras visíveis nas paredes. As lojas e bancos que ocupavam os andares inferiores fecharam. Mas, nos andares de cima, funcionavam fábricas que produziam para grandes marcas globais. E os trabalhadores em sua maioria mulheres foram obrigados a entrar, mesmo com medo, mesmo sabendo do risco.