O Brasil exportou US$908 milhões em produtos de moda anualmente, mas importou US$6,6 bilhões.
É com esses dados que abro este texto, minha hermosa que também adora entender o contexto dos assuntos!
Estou aqui para dividir contigo por que a segunda coleção da Mondepars, apresentada no Teatro Municipal de São Paulo, impactou e emocionou. Acredito que a marca está prestes a colocar a moda brasileira no mapa da moda mundial desde outra perspectiva.
Observação importante: Me trate como aquela amiga que te avisa quando você está prestes a testemunhar algo histórico e que não quer que você perca este momento por estar olhando para o lado errado.
Por isso, fica o convite: pegue seu café ou aquele chá que você adora, porque vamos conversar sobre como uma iniciante diretora criativa brasileira está prestes a mudar as regras do jogo.
Sabemos que somos ainda muito pouco representativos em termos de marcas de luxo reconhecidas mundialmente. Para contextualizar: com todo talento, recursos, criatividade, recursos, o Brasil teria que estar mais presente na mira internacional.
Mas não é por falta de talento, não! Pelos bons anos atuando na área aqui no Brasil, tendo conhecido tantas marcas e os talentos que às conduzem, vejo que um dos principais motivos é a falta de narrativa consistente.
Durante décadas, nossa moda internacional remeteu muito a estereótipos, ao tropical e referências em moda praia, e isso conquistamos de fato. Hoje somos um país que segue e não cria referências.
Até agora.
A Mondepars de Sasha conseguiu algo que é difícil de alcançar: criar uma linguagem própria que funciona aqui e além.
Corsets estruturais que parecem mobiliário modernista aplicado ao corpo. Blazers amplos que dialogam com a arquitetura brutalista. Trenchs desconstruídos que carregam a sofisticação nas linhas. Também não é à toa que a paleta se ancora na natureza: tons terrosos, grafite, musgo, marrom quente, cores que conversam com a nossa natureza desde um lado mais sóbrio, arquitetônico e paisagístico.
A proposta da Mondepars é clara: remover distrações, eliminar excessos e focar na essência.
Ela faz isso explorando linhas, formas e texturas em designs que evocam força. Eu consigo ver essa complexidade nos detalhes.
Confiram o desfile completo aqui:
Sasha está em crescimento e é lindo acompanhar sua evolução. Seu estilo é nichado, autoral, com uma identidade muito própria.
Talvez, no futuro, a gente finalmente pare de olhar apenas para fora quando pensar em minimalismo. Porque a Mondepars representa isso.
E mais do que peças, hoje as pessoas compram histórias. Compram a essência por trás de quem cria. E Sasha tem um discurso raro: coerente, centrado, com o ego no lugar certo o que não é comum na indústria da moda.
E é justamente isso que conquista. Isso que encanta.
O mercado global de luxo movimenta US$ 360 bilhões anuais. O Brasil representa cerca de 1% desse bolo.
Não é pouco, mas está longe de refletir nosso potencial criativo e produtivo. Ainda mais considerando que somos o 5º maior produtor têxtil do mundo.
A questão nunca foi capacidade técnica, nossos costureiros são talentosos, nossos tecidos são cobiçados pela indústria internacional, Hermès, por exemplo, usa seda brasileira. A questão sempre foi posicionamento estratégico e união.
E prevejo que a Mondepars vai impulsionar uma virada nisso.
33% dos brasileiros de alta renda preferem marcas que possuam um propósito claro e uma identidade de marca sólida.
A Mondepars está criando um estilo baseado no “high” brasileiro. Em vez de buscarmos referências lá fora, as pessoas vão começar a valorizar o minimalismo nacional.
A nossa imagem internacional na moda está associada a praia, carnaval e sensualidade e isso é maravilhoso. Mas a Mondepars está mostrando que também somos arquitetura, design, minimalismo e técnica impecável. Uma brasilidade que existe e o mundo não prestava atenção.
Seu protagonismo ajudará a moda nacional sendo uma marca "âncora" para abrir caminho para outras. A Mondepars está se tornando essa referência para a moda autoral brasileira. Quando o mundo prestar atenção nela, vai descobrir que temos dezenas de outros talentos esperando reconhecimento.
Aqui vai uma projeção que deveria interessar aos investidores:
Se o Brasil conseguisse crescer ao ponto de representar apenas 3% do mercado global de luxo (ainda assim modesto), estaríamos falando de um movimento de US$ 11 bilhões anuais. Comparado aos atuais US$ 3 bilhões, seria um crescimento de mais de 300%.
A Mondepars pode ajudar a acelerar este caminho.
Esta reflexão sobre a Mondepars e o futuro da moda brasileira está longe de ser perfeita. Ela foi escrita numa tarde de domingo, enquanto eu tentava entender por que uma coleção me emocionou tanto.
Eu me sinto orgulhosa de ver uma mulher brasileira fazendo moda com qualidade, representando um Brasil com excelência, um Brasil que nunca foi valorizado lá fora, e que agora pode, sim, estar no início de uma nova era. De um Brasil que existe, com outros gostos e preferências enquanto moda.
Lembre-se: o Brasil tem potencial para ser protagonista global.
A questão é: devemos nos unir e acreditar, sim, na moda brasileira desde sua pluralidade, pois isso faz o Brasil ser tão mágico, isso que me fez apaixonar por este país!
Até breve!
Um beso,
Noe
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