
Entrar no Studio 54 era atravessar as portas de um mundo onde tudo parecia possível, onde tudo era permitido e onde anônimos e celebridades eram tratados como iguais.
Sei que existem muitos clubes noturnos nas grandes cidades que desfrutam de prestígio e fama. Lembro de um em Miami: o E11even Miami. Fui achando que era apenas mais uma balada comum — afinal, era assim que se vendia. Mas, ao chegar, me deparei com um strip club–balada completamente insano.
Do show do Snoop Dogg, que tocou por apenas 20 minutos enquanto espalhava notas de dólar para o público, até uma senhora em cadeira de rodas, com cerca de 70 anos e óculos escuros, sendo a protagonista de uma dança de strippers.

Lá podia acontecer de tudo.
Virou uma boa história pra contar!
Mas voltando ao Studio 54, esse é indiscutivelmente, o que se destaca acima de todos e se tornou o lugar mais mítico e reconhecido do mundo da noite.
Acho que chamar o que acontecia lá de “festa” era um eufemismo. Reunia, em sua pista de dança, nos sofás de veludo e nos porões, as maiores celebridades da época.

A origem
Tudo começou em 26 de abril de 1977, em um antigo teatro que já havia sido estúdio de televisão da CBS, na 54th Street West, em Nova York. O Studio 54 abriu as portas.
A famosa relações-públicas Carmen D’Alessio enxergou o potencial para criar o clube noturno mais desejado da cidade.

À direita da foto, o co-fundador, Steve Rubell
Ela convenceu Steve Rubell, empresário, e seu amigo e sócio Ian Schrager a alugar o local. Ambos se tornaram coproprietários do que viria a ser o lendário Studio 54.
A inauguração
Os relatos da época dizem que o trânsito parou nas ruas e uma multidão se aglomerou em frente às portas, ansiosa para entrar na noite de abertura. Entrar no Studio 54 era mergulhar em um universo onde tudo parecia permitido.
A era da música disco, a liberdade sexual e a efervescência cultural do final dos anos 70 estavam em seu auge, antes da chegada da crise da AIDS.
O clube tinha uma atmosfera perfeita para satisfazer todos os desejos carnais e sensoriais de quem, ao cair da noite, deixava o terno ou o uniforme de lado.
O logotipo da casa era uma lua cheirando cocaína com uma colher, observando do alto tudo o que acontecia no salão.

Sexo sem inibição, drogas, álcool e dança faziam parte do cenário. Anônimos e famosos se misturavam sem pudor. Todos participavam igualmente dessa grande performance de lantejoulas, plumas e cor, onde o tempo parecia suspenso.

Cher
MODA: quando o “menos é mais” não existia
A porta era literalmente como um tapete vermelho. Os looks usados lá refletiam a extravagância e a exuberância da época, onde o “menos é mais” não existia caracterizados por uma mistura de estilos que variavam do sport ao glam rock e ao punk.
Os looks brilhantes eram protagonistas: roupas justas e, quanto mais chamassem a atenção, melhor.

Foto: Olivia Newton-John (Reprodução/Pinterest)
Leggings de cintura alta, tops e vestidos superdecotados, macacões coloridos, minissaias, jaquetas de couro com superomoplatas e muitos tecidos metalizados.

Foto: Claudia Schiffer (Reprodução/Pinterest)
Acessórios extravagantes: maxi brincos, colares gigantes, cintos largos e óculos exagerados.
Quem você podia encontrar lá?
Uma mistura de celebridades de todas as áreas. Imagine entrar em uma festa e ver Bianca Jagger montada em um cavalo branco.
Ou Grace Jones vestindo vinil prateado e cantando no meio da pista.

Foto: Bianca Jagger (Reprodução/Pinterest)

Foto: Studio 54 (Reprodução/Pinterest)
Mick Jagger, Madonna, Yves Saint Laurent, Cher, Elizabeth Taylor, Calvin Klein, Diana Ross, Salvador Dalí, Sylvester Stallone, Donald Trump e as tops models do momento, entre muitos outros, todos estavam lá.

Foto: Ives Saint Laurent (Reprodução/Pinterest)
Mas o mais incrível é que, lá dentro, ninguém valia mais do que ninguém. Era o glamour convivendo com o caos. A moda em sua forma mais democrática.
Os personagens anônimos que viraram ícones
Adoro esta parte da história do club! Além das estrelas, alguns anônimos se tornaram figuras lendárias do clube.

Foto: Studio 54 (Reprodução/Pinterest)
O porteiro Marc Benecke era uma das pessoas mais poderosas da noite nova-iorquina. Ele decidia quem entrava e quem ficava do lado de fora, recebendo subornos e presentes de todos os tipos.
Steve Rubell, coproprietário, também se tornaria um ícone: ele costumava sair à rua para escolher pessoalmente, na fila, quem merecia entrar. Ser bonito e vestir-se de forma ousada eram os pré-requisitos.
Outra figura célebre era Disco Sally, uma advogada aposentada de cerca de 70 anos que começou a sair à noite após o divórcio.

Disco Sally
Outro personagem lendário era Rollerina, um homem que se locomovia de patins e se vestia como uma fada. Durante o dia, era um importante financista de Wall Street.
Em outra festa, Valentino se apresentou como domador de circo, com animais vivos. Armani, por sua vez, foi homenageado com um balé de drag queens.

Velentino
“A porta era uma ditadura; a pista de dança, uma verdadeira democracia.”
Ou seja: entrar era quase impossível, mas, na pista, acontecia de tudo. Era o caminho para a liberdade.
O clube mais lendário de todos os tempos esteve aberto apenas por três anos, de 1977 a 1980, quando a moda expressava a liberdade da década de 70 e inspirava o espírito criativo e ousado dos anos 80, mas até hoje rende histórias, polêmicas e é lembrado como um marco da cultura da época.
E você já conhecia a história do Studio 54?