
Adoro a moda nos 90'. O período foi um divisor de águas para a moda e para o cinema, traduzindo um espírito de transição entre o glamour dos anos 80 e o minimalismo dos 2000, e isso aparece com força nos figurinos.
Cada filme que escolhi aqui é um estudo vivo de estilo, personalidade e contexto cultural da época:
Pretty Woman (1990)

Eu vejo a Vivian Ward aquela mulher q representa a transição: do exagero visual dos 80s, botas over the knee, vinil, cut-outs para a elegância polida dos 90s. Quando veste o icônico vestido vermelho e o blazer de alfaiataria, vemos a virada cultural que deixava o sexy explícito e buscava o sofisticado controlado. Um retrato perfeito da moda como símbolo de ascensão e reeducação estética.
Instinto Selvagem (1992)

Sharon Stone e o novo ideal feminino dos anos 90: confiante, fria e minimalista. Sai o brilho e entram as superfícies lisas, os tons neutros, o corte geométrico.
Pulp Fiction (1994)

Mia Wallace é o oposto da mulher oitentista: simples, direta, despretensiosa. Sua camisa branca e calça preta desmontam o glamour artificial e instauram o anti-fashion, conceito que dominaria a estética de meados dos 90. É o início da era em que a atitude vale mais que o look.
O Profissional (1994)

Matilda é a juventude pós-80: vulnerável, rebelde, urbana. As jaquetas bomber, chokers e camisetas listradas substituem o brilho por textura e a opulência por autenticidade. A silhueta é pequena, emocional, quase ingênua uma representação da geração que transformou o grunge em estilo de vida e conforto.
As Patricinhas de Beverly Hills (1995)

Cher Horowitz simboliza a domesticação do luxo. Depois da ostentação dos 80, o luxo se torna pop e colorido. O conjunto xadrez amarelo é o ponto de virada entre o power dressing e o teen fashion: leve e divertido. O figurino traduz a ascensão das marcas como identidade social e o nascimento do consumo aspiracional entre jovens.
Empire Records (1995)

A rebeldia dos 80 vira ironia nos 90 suéter felpudo, saia plissada, Doc Martens. O visual expressa um espírito antiestético: desleixado, real, emocional. É o retrato da juventude que rejeita o glamour e cria um novo código autêntico.
Pânico (1996)

A minissaia, o suéter ajustado e o batom escuro substituem a feminilidade artificial dos 80 por uma sensualidade introspectiva. É o início da cultura mall girl e do fashion horror, onde o medo e a estética se misturam.
Jovens Bruxas (1996)

O dark dos 80 ganha profundidade nos 90. Sai o exagero glam rock, entra o grunge espiritual. As protagonistas vestem veludo, crucifixos e preto total, uma moda ritualística, carregada de símbolos. O figurino é essencial para entender a década como espaço de contracultura.
Spice World (1997)

O grupo traduz o pop empowerment da virada: cada Spice é um arquétipo de consumo e de mulher. Nos 80 havia uniformidade; nos 90, identidades múltiplas. Sporty, Posh, Baby, Scary, Ginger. Juntas, expressam a pluralidade de estilos que nasceria com a globalização da moda. É um marco da moda performática e do branding pessoal.
O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997)

Enquanto os 80 glorificavam o terno, aqui ele é suavizado: ombros menores, tecidos fluidos, paleta neutra. A alfaiataria feminina encontra o romantismo: uma transição entre o corporate look e o soft tailoring. O filme mostra como a mulher dos 90 já não precisa se vestir como homem para afirmar autoridade.
Mens@gem para Você (1998)

Meg Ryan transforma o boyish style em feminilidade sutil. O figurino anuncia o novo casual office look: calças de cintura alta, cardigãs, cores neutras e conforto. um reflexo direto da entrada da mulher no mercado criativo e tecnológico. Estudo obrigatório sobre o novo básico.
Segundas Intenções (1999)

O excesso dos 80 ressurge: cetim, transparência e cortes sensuais traduzem o luxo emocional dos 90. Sarah Michelle Gellar usa o corpo como arma estética. É o início da estética “sexy dark”, que mistura poder, manipulação.
Um Lugar Chamado Notting Hill (1999)

Julia Roberts é o retrato do smart casual londrino: trench coats, boinas e jeans retos. O figurino marca o amadurecimento da moda dos 90, menos espetáculo, mais naturalidade. É uma síntese da década: autenticidade, romantismo e um toque de minimalismo.
Nunca Fui Beijada (1999)

O figurino expressa a nostalgia dos 80 reinterpretada pela leveza dos 90. Plumas, cores claras e tecidos acetinados aparecem de forma cômica, revelando a transição geracional.
Um Crime Entre Amigas (1999)

Aqui, o glamour dos 80 renasce em versão teen e caricatural. Crop tops, minissaias e brilho reaparecem, mas com ironia. A estética é plástica, colorida, exagerada.
Matrix (1999)

O couro e o preto substituem o brilho metálico dos 80, dando início à estética techno-minimal. Trinity encarna a mulher do novo milênio fria, funcional e digital. O filme antecipa os anos 2000 e redefine o conceito de moda como armadura contemporânea.
Que tal?
Assistir a filmes é uma das formas mais divertidas e interessantes de estudar moda.
Cada cena revela uma época, um desejo, uma virada estética.
Quando você começa a reparar nas roupas, entende que o figurino significa o sentir da época. E quem aprende a enxergar isso, nunca mais assiste um filme da mesma forma.
Enjoy!!
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